domingo, 30 de janeiro de 2011

Teatro

 Teatro

 A Semana de Arte Moderna realizada em São Paulo em 1922 seja considerada um marco na renovação artística brasileira, só muito tardiamente os seus efeitos se fizeram sentir no panorama geral do teatro brasileiro.
 Até as décadas de 20 e 30 predominavam ainda, com poucas exceções, as comédias de costumes e as peças sentimentais. Na década de 40, no entanto, em vista das agitações provocadas pela Segunda Guerra Mundial, vêm ao Brasil Louis Jouvet e Ziembinski, homens de teatro que nos trouxeram sua valiosa experiência. Ziembinski, principalmente, foi uma figura que se destacou, participou do grupo Os Comediantes que, em 1943, encenou a peça de Nelson Rodrigues Vestido de noiva, uma das obras que marcaram a renovação de nosso teatro.
 Outros grupos de renovação teatral surgiram até que em 1948 fundou-se o TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), que, além de diretores como Ruggero Jacobbi e o próprio Ziembinski, contava, no seu elenco, com os atores: Cacilda Becker, Cleyde Yáconis, Tônia Carrero, Nydia Lícia, Maria Della Costa, Paulo Autran, Sérgio Cardoso, Walmor Chagas, Jardel Filho, Juca de Oliveira e outros. Mais tarde esse grupo desfez por problemas econômicos e vários atores formaram suas próprias companhias.
 Apesar da importância do TBC, predominava ainda a encenação de autores estrangeiros e, em 1953, com a fundação do Teatro de Arena, com José Renato à frente, junto com Augusto Boas, houve a tentativa de se criar um estilo brasileiro para um teatro que apresentasse peças referentes à nossa realidade.
 Algumas obras importantes de nossa dramaturgia foram então encenadas pelo novo grupo, como Eles não usam black-tie (de Gianfrancesco Guarnieri); Chapetuba futebol clube (de Oduvaldo Vianna Filho); Revolução na América do Sul (de Augusto Boal) e outras. Na ausência de obras nacionais que abordassem a nossa realidade social de maneira crítica, eram encenadas peças estrangeiras que tivessem de certa forma, uma relação com a situação brasileira. Houve, por exemplo, a montagem de O tartufo (Molière); A mandrágora (Maquiavel), além da inflência de Brecht na encenação, na década de 60, de Arena conta Zumbi  e Arena conta Tiradentes.
 Paralelamente, e com preocupações afins, formava-se, no Rio de Janeiro, o Grupo Opinião, que contava com Denoy de Oliveira, Ferreira Gullar, Oduvaldo Vianna Filho e outros.

 Principais autores:

 Nelson Rodrigues

 Um dos principais renovadores do teatro brasileiro. Em suas obras, rompeu com os limites da consciência mergulhando no subconsciente, além de abordar também problemas sociais. Suas peças mais importantes são: Vestido de noiva; Álbum de família; Senhora dos afogados; A falecida; Boca de ouro; Beijo no asfalto; Toda nudez será castigada.

 Jorge Andrade

 Sua obra apresenta uma reconstrução crítica de fases importantes da nossa história, sobretudo do ciclo do café, além de focalizar o problema da decadência dos valores patriarcais numa sociedade em transformação. Essas peças estão reunidas no volume Marta, a árvore e o relógio.

 Ariano Suassuna

 Trouxe para o teatro brasileiro moderno a tradição do auto com elementos do folclore nordestino. Destacam-se, na sua produção as peças: O auto da compadecida; O santo e a porca; A pena e a lei.

 Plínio Marcos

 Marcou presença em nosso teatro pela violência de sua temática e pela linguagem franca e direta, que desnuda de maneira bem crítica os problemas da classe média brasileira e dos marginalizados pelo sistema social. Principais obras: Dois perdidos numa noite suja; Navalha na carne; Quando as máquinas param.

 Gianfrancesco Guarnieri

 Em suas peças revela-se uma constante preocupação com os problemas de nossa realidade social e política. Merecem destaque, na sua produção, as seguintes peças: Eles não usam black tie; Gimba; A semente; Arena conta Zumbi; (as duas últimas em parceria com Augusto Boal); Castro Alves pede passagem; Botequim; Um grito parado no ar; Ponto de partida.

 Muitos outros autores podem ser citados, como Dias Gomes, Oduvaldo Vianna Filho, Paulo Pontes, Chico Buarque, Leilah Assunção, Consuelo de Castro, Antônio Bivar, José Vicente, entre outros.

 Eles não usam black-tie

 Esta peça de Gianfrancesco Guarnieri foi encenada em 1958 e constitui um bom exemplo de realismo crítico do autor na abordagem de problemas sociais.
 A ação transcorre numa favela (anos 50) e focaliza o choque de posições entre pai e filho - Otávio e Tião - a respeito de uma greve por aumento de salário que estoura na fábrica em que trabalham. Otávio (o pai) acredita que só a união de todos os operários pode levar a uma melhoria nas condições de trabalho, fazendo-os sair da miséria em que vivem, enquanto Tião, por ter sido criado pelos padrinhos na cidade, não quer para si o futuro comum das pessoas do morro. Dizendo ter medo de perder o emprego, porque estava para casar com Maria, ele fura a greve, desapontando o pessoal da favela, inclusive sua noiva.


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Crônica

 A Crônica
 A crônica, que surgiu em nossa literatura no século XIX, firmou-se no Modernismo, atraindo um grande número de escritores que a ela se dedicaram de maneira contínua ou esporádica. Ainda que seja difícil determinar com exatidão todas as característica da crônica, pode-se dizer que, atualmente, ela representa o registro do quotidiano no que ele possa apresentar de pitoresco ou interessante. No entanto, o fato em si atrai menos do que aquilo que dele possa extrair o cronista, seja uma observação humorística, um momento lírico, uma reflexão filosófica ou um comentário de crítica social.
 Hoje em dia, a crônica é um dos gêneros mais apreciados pelo público leitor e tem lugar reservado nos principais jornais e revistas do país.
 Dentre os inúmeros escritores podemos citar: Rubem Braga, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Luís Martins, Lourenço Diaféria, Clarice Lispector, Vinícius de Moraes, Rachel de Queiroz, Luís Fernando Veríssimo, Carlos Eduardo Novaes, Sérgio Porto(Stanislaw Ponte Preta), Manuel Bandeira, Dinah Silveira de Queiroz entre outros.

Ator Cláudio Marzo interpretou "O homem nu" no cinema.
 Enredo de "O homem nu" (Fernando Sabino)


 Um homem tinha que pagar a prestação de sua televisão. Quando acorda, ele fala para sua esposa não abrir a porta para ninguém durante o dia. Pede também para que se a campainha fosse tocada, ela deveria ficar em silêncio, pois estavam se escondendo de um cobrador.
 Quando vai tomar banho, já totalmente nu, percebe que a sua esposa estava tomando banho. Então ele decide preparar o café da manhã. Quando vai pegar o pão, que estava fora do seu apartamento, ele olha atentamente para os dois lados, dá dois longos passos e agarra o pão. Nesse momento, é surpreendido por uma rajada de vento, a porta bate e se tranca e ele fica sozinho, nu no corredor somente com o pão nas mãos para esconder sua nudez.
 O pavor leva-o a se esconder na escada, quando ouve passos de alguém subindo, vai para o elevador, que é chamado e leva-o para outro andar.
 Este conto deu origem ao filme do mesmo nome, tudo escrito com humor, Fernando Sabino descreveu o lado pitoresco do quotidiano, com várias situações de uma maneira direta. Principais características da crônica O homem nu:


  • Simplicidade
  • Objetividade
  • Observação da vida e hábito das pessoas
  • Nudez do homem urbano do século XX  =  reflexão sobre a condição humana e elementos repressores da cultura. A personagem central do conto é avaliado a partir da ausência de roupas (Crítica ao moralismo rígido da sociedade).
Fernando Sabino
 Rubem Braga

 Foi um dos melhores cronistas da literatura brasileira, e as características principais de suas obras são:
  • Flagrante do quotidiano
  • Linguagem poética e sensível
  • Observar os outros
  • O narrador por vezes se apresenta em 1º pessoa, mas não é o centro da narrativa
  • Busca do lado humano "na selva de pedra" em que vivemos

Rubem Braga
 A outra noite

 Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e contei a ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de Lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas, uma paisagem irreal.
 Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou um sinal fechado para voltar-se para mim:
 - O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima?
 Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e torpe havia uma outra - pura, perfeita e linda.
 - Mas, que coisa...
 Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva. Depois continuou guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa.
 - Ora, sim senhor...
 E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um "boa noite" e um "muito obrigado ao senhor" tão sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei.
                                                                  
                                                  (Ai de Ti, Copacabana. RJ,1960.p.183-84)


quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Poesia Práxis / Poesia Social (1950/1960)

 Poesia Práxis

 Poesia Práxis - O livros Lavra-lavra (1962) marcou o aparecimento de uma outra tendência na poesia moderna brasileira: Práxis.
 Seu autor e principal representante, o poeta Mário Chamie, assim explica as características desse movimento: "opõe à palavra-coisa, do Concretismo, a palavra energia; não considera o poema como um 'objeto' estático e fechado e sim como um 'produto' dinâmico, passível de transformação pela influência ou manipulação do leitor".
 Ligando a palavra e o contexto extralinguístico, a poesia Práxis estabelece uma ponte entre o poeta e a vida social, como o próprio Mário Chamie declarou: "o ato de compor implica, acima de tudo, na tomada de consciência de um projeto semântico. Isto é: o poeta, ao elaborar um poema, não deveria prender-se a esquemas formais predeterminados, deixando de lado a realidade viva e o significado humano daquilo sobre  que o que ou em função do que escrevia".
 Em 1962 foi o lançamento da revista Praxis, que reunia artigos e textos criativos do grupo que, além de Mário Chamie, contava com Armando Freitas Filho, Yone G. Fonseca, Arnaldo Saraiva e outros.

 Outras características da poesia práxis:

  • Uso de neologismos
  • aspectos sonoros
  • termos estrangeiros
  • aspectos visuais
  • semântica dos vocábulos
  • poema objeto dinâmico
  • múltiplas leituras
  • dissidência do Concretismo
 Texto:

 Forca na força
--------------
 a palavra na boca
 na boca a palavra: força

 a forca da palavra força
 a palavra rolha fofa

 a rolha fofa sem força
 a palavra em folha solta

 a força da palavra forca
 a palavra de boca em boca

 na boca a palavra forca
 a palavra e sua força
 -----------------
 falar na era da forca
 calar na era da força

 na era de falar a forca
 calar na era de calar a boca

 na era de calar a boca
 a era de falar à força

 calar a força da boca com a forca
 falar a boca da forca com a força

 calar falar a palavra
 não na ira de era ida

 falar calar a palavra
 nesta ira de era viva

 calar a palavra na era ida da ira
 falar a palavra na viva era da vida
 ---------------
 mas a forca da palavra força
 : um cedilha em sua boca

                                                                                 (Mário Chamie. Objeto Selvagem)

 O poeta desenvolveu o texto por meio das permutações fonéticas e da exploração das possibilidades semânticas de algumas palavras-chaves, tais como: forca/força; rolha/folha; falar/calar; era/ira.
 Essas palavras constituem um campo semântico explorado pelo autor, que desenvolveu o poema a partir da constatação de que "na era de calar a boca" é "a era de falar à força".


 Outros poemas de Mário Chamie:



AGIOTAGEM 
um
dois
três
o juro:o prazo
o pôr / o cento / o mês / o ágio
p o r c e n t a g i o.

dez
cem
mil
o lucro:o dízimo
o ágio / a mora / a monta em péssimo

e m p r é s t i m o.

muito
nada
tudo
a quebra:a sobra
a monta / o pé / o cento / a quota

h a j a   n ota
agiota.

O TOLO E O SÁBIO

O sábio que há em você
não sabe o que sabe
o tolo que não se vê.

Sabe que não se vê
o tolo que não sabe
o que há de sábio em você.

Mas do tolo que há em você
não sabe o sábio que você vê.


 Poesia Social (1950/1960)

 Nas décadas de 50 e 60, principalmente, alguns poetas manifestaram-se contrários aos excessos de teorização e experimentalismo que caracterizavam a poesia de vanguarda.
 Propondo a volta à linguagem discursiva, num estilo simples e direto, esses poetas pretenderam representar, na poesia, o quotidiano sofrido do homem comum, os momentos difíceis da situação política; enfim, buscaram realizae uma arte mais facilmente comunicativa, que expressasse a posição do autor diante da vida e dos problemas imediatos.
 Dentre os autores que definiram por essa direção há, por exemplo, alguns que tinham participado, inicialmente, dos objetivos da geração de 45 (Geir Campos) e outros que se manifestaram nos anos seguintes (Tiago de Melo, Moacir Félix) e, sobretudo, Ferreira Gullar, que, tendo iniciado sua atividade como concretista, rompeu mais tarde com o grupo, aderindo à poesia social.

 Não há vagas

                                             O preço do feijão 
                                             não cabe no poema. O preço
                                             do arroz  
                                             não cabe no poema.

                                             Não cabem no poema
                                             a luz o telefone  
                                             a sonegação
                                             do leite
                                             da carne
                                             do açúcar
                                             do pão

                                            O funcionário público
                                            não cabe no poema
                                            com seu salário de fome
                                            sua vida fechada
                                            em arquivos.
                                            Como não cabe no poema
                                            o operário
                                            que esmerila seu dia de aço
                                            e carvão
                                            nas oficinas escuras

                                            - porque o poema, senhores,
                                              está fechado:
                                             "não há vagas"

                                             Só cabe no poema
                                             o homem sem estômago
                                             a mulher de nuvens
                                             a fruta sem preço
               O poema, senhores,
                                                            não fede
                                                            nem cheira.

                                           (Ferreira Gullar.Antologia Poética, Rio de Janeiro, Fontana)

 Verbo caber = assunto, abordagem do poema
 Sonegação = substantivo abstrato, tem valor de conteúdo moral (denúncia) e significa fraudar, furtar.
 A 1° estrofe tem ritmo liberado, irregular, as vírgulas de todos os versos foram extraídas. Estrutura em paralelo dos versos finais, com uso da preposição cadenciando o poema.
 Os sujeitos que não cabem no poema: o funcionário público e o operário.
 O funcionário público com a vida em recinto, fechada (vida burocratizada) é apenas um números nos fichários estatais.
 O operário ao esmerilar o seu "dia de aço" (difícil, duro), embora com um trabalho indispensável à sociedade, é sinônimo da invisbilidade.
 "- porque o poema senhores, está fechado". (ironia). O poema está insensível, indiferente.
 "Não há vagas": falta de oportunidade.
 O "homem sem estômago" = aquele que não se importa com as preocupações, não se volta para as questões básicas de subsistência.
 "mulher de nuvens" é a mulher idealizada, objeto de abstração, admirada nas formas se exposta na obra de arte. É ironização aos poetas parnasianos que são indiferentes à vida, ao quotidiano das pessoas comuns.
 Versos finais: O poema "não fede nem cheira" = o poema que idealiza a vida tanto faz existir ou não, é indiferente.
 O poema " Não há vagas", se refere à poesia do passado e do presente, o texto, como andamento metalinguístico, discute a própria poesia. Está se discutindo a função da poesia e para que ela serve.
 Mensagem: a poesia não deve deixar de abordar questões sociais, nela sim "há vagas" para os dramas diários.
 Sentido real da poesia: o contrário do que nele é dito.

                                                             Ferreira Gullar


 Subversiva


 A poesia
 Quando chega
 Não respeita nada.


 Nem pai nem mãe.
 Quando ela chega
 De qualquer de seus abismos


 Desconhece o Estado e a Sociedade Civil
 Infringe o Código de Águas
 Relincha


 Como puta
 Nova
 Em frente ao Palácio da Alvorada.


 E só depois
 Reconsidera: beija
 Nos olhos os que ganham mal
 Embala no colo
 Os que têm sede de felicidade
 E de justiça.


 E promete incendiar o país.


                                                                     (Ferreira Gullar)




                                                                

                                                                

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Concretismo

 Concretismo

 O movimento de renovação da linguagem, desencadeado nos primeiros momentos do Modernismo, atingiu um de seus pontos mais altos com o Concretismo.
 Na década de 50 surgiu a revista Noigandres, apresentando um movimento poético inovador chamado Concretismo, com Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari sendo seus fundadores e principais representantes.
 Movimento relacionado também com as artes plásticas e com a música, o Concretismo propõe uma poesia não linear ou discursiva mas espacial. Decretando o fim do verso e abolindo a sintaxe tradicional, os concretistas procuravam elaborar novas formas de comunicação poética em que predomine o visual, concordando com as transformações ocorridas na vida moderna, em virtude da influência dos meios de comunicação de massa.
 Nesse sentido, o Concretismo procura explorar basicamente os significantes, isto é, o aspecto material dos signos, jogando com as formas, cores, decomposição e montagem das palavras etc., criando estruturas que se relacionem visualmente.
 Segundo Décio Pignatari: "a importância do olho na comunicação mais rápida: desde os anúncios luminosos até as histórias em quadrinhos a necessidade do movimento a estrutura dinâmica o ideograma como ideia básica."
 Além da revista Noigandres, a revista Invenção também serviu de divulgadora das ideias do Concretismo, que contou com a participação de José Lino Grünewald, José Paulo Paes, Pedro Xisto, Ronaldo Azeredo, Wladimir Dias Pinto e outros.

 Texto:                 COCA-COLA

 BEBA                     COCA          COLA
 BABE                                          COLA
 BEBA                     COCA
 BABE                     COLA           CACO
 CACO
 COLA
                  C L O A C A
                                        
                                                                                       (Décio Pignatari)

 Este é um dos textos concretos mais conhecidos por sua hábil estruturação e pelo resultado - a antipropaganda - obtido pelo autor.
 Partindo do slogan "Beba Coca-cola", observe que o autor procedeu a uma desmontagem dessas palavras, permutando fonemas e compondo novas palavras, que se opõem à ideia inicial. Observe:
                
                          BEBA = BABE
                          COCA = CACO
                          BEBA COCA = BABE COLA, BABE COLA CACO

 Por esse processo de desmontagem e remontagem, o autor como que extrai, da aparência das palavras, o seu significado mais profundo, relevando o que há por trás do slogan. E tudo resulta na palavra final: cloaca, que quer dizer esgoto. Observe, ainda que cloaca é composta dos fonemas que estão presentes em coca e cola.
 Por outro lado, a utilização do espaço é importante, pois, em primeiro lugar, "vemos" o poema e fazemos uma "leitura" em vários sentidos (verticalmente ou horizontalmente).

 Outro exemplo de poesia concretista:

 VVVVVVVVVV
 VVVVVVVVVE
 VVVVVVVVEL
 VVVVVVVELO
 VVVVVVELOC
 VVVVVELOCI
 VVVVELOCID
 VVVELOCIDA
 VVELOCIDAD
 VELOCIDADE

                                                                                                      (Ronaldo Azeredo)

 Poema Terra de Décio Pignatari:

 ra terra ter
 rat erra ter
 rate rra ter
 rater ra ter
 raterr a ter
 raterra terr
 araterra ter
 raraterra te
 rraraterra t
 erraraterra
 terraraterra



                        
                 




terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Terceira geração do Modernismo

 Terceira geração Modernista

 Após o Estado Novo (1937 - 1945), caracterizado pela ditadura Vargas, o país passou por um processo de redemocratização através de uma política populista. De um lado esta política acentuou a intervenção do Estado na economia e, de outro, permitiu a introdução das multinacionais, inserindo definitivamente o Brasil no contexto do capitalismo internacional.
 Do ponto de vista literário, houve um retrocesso em relação às conquistas de 1922, uma volta ao passado com a revalorização da rima, da métrica, do vocabulário erudito e das referências mitológicas.
 A geração de 45 é, então, "passadista", acadêmica, inexpressiva em termos de grande autores, grande obras, mesmo abordando temas contemporâneos.
 Podem ser apontadas algumas características pela prosa brasileira neste período: Abordagem penetrante dos problemas gerados pela tensão existente entre os indivíduos e o contexto social em que vivem. Essa característica está presente nos romances de Osman Lins, Lygia Fagundes Telles, Nélida Piñon, Autran Dourado, Luiz Vilela, Raduan Nassar entre outros.
 2° Abordagem realizada de forma direta, numa linguagem objetiva e forte, conduzindo o leitor à reflexão das misérias do quotidiano e aos mecanismos de opressão do mundo contemporâneo. É o que ocorre em diferentes níveis, nas obras de Dalton Trevisan, Rubem Fonseca, João Antônio, Antônio Callado, Ignácio de Loyola Brandão, Márcio de Souza e outros.
  Outro caminho trilhado é o chamado realismo fantástico, que expressa uma visão crítica das relações humanas e sociais por meio de narrativas que transfiguram a realidade, fazendo coexistir o lógico e o ilógico, o fantástico e o verossímil. Destacam-se, nessa linha, as obras de Murilo Rubião e José J. Veiga.
  Deve-se fazer referência ao regionalismo, tendência que desde o Romantismo constitui fonte preciosa para a literatura brasileira. A intenção de representar a realidade do interior do país, com seus tipos humanos e problemas sociais, é comum a Herberto Sales, Mário Palmério, Adonias Filho e outros.

 A Literatura como pesquisa de linguagem

 É a consciência que existe harmonia entre o pensar e o sentir, o sentir e o imaginar, a atividade literária é um exercício, uma ininterrupta pesquisa de linguagem.
 Na terceira fase do Modernismo devemos dar destaque a três autores "isolados", isto porque neles estão marcadas as diferenças que os distinguem, há percepção da literatura como linguagem, inclusive pelas pesquisas que buscam os limites da linguagem literária: A precisão da poesia de João Cabral de Melo Neto (o engenheiro da palavra), a sutileza entre a fala e o texto narrativo mitopoético de Guimarães Rosa e a busca através da palavra, o "movimento puro", dos movimentos em busca da palavra, dos trabalhos literários de Clarice Lispector.


 Guimarães Rosa


 João Guimarães Rosa - Pelas inovações operadas na linguagem literária, Guimarães Rosa impôs-se como um verdadeiro marco na evolução de nossa literatura. Na elaboração de seu estilo, ele utilizou-se de vários processos: exploração de palavras; aproveitamento do linguajar regionalista cheio de arcaísmos (palavras antigas), adaptação de termos e expressões extraídos de várias línguas modernas, além de recorrer ao grego e latim. Mas seu valor não estava apenas na experimentação formal, a riqueza da sua linguagem expressava também uma profunda visão da existência humana; Guimarães Rosa conseguiu superar o que era simplesmente regional e atingiu o universal, através da profunda percepção dos problemas vitais que existem no interior do homem de qualquer região. Sua obra aborda temas que envolvem indagações sobre o destino, significado da vida e da morte, existência ou não de Deus. Extraindo do regional matéria para elaboração de uma obra que questiona o próprio sentido da vida, Guimarães Rosa revigorou a literatura regionalista brasileira.
 Principais obras -  Grande Sertão: Veredas; Livros de contos: Primeiras estórias; Tutaméia; Estas estórias; Noites do sertão; contos e textos avulsos reunidos em Ave, a palavra.

 Enredo de Grande Sertão: Veredas

 Este romance é a grande obra de Guimarães Rosa. Num longo monólogo que vai do começo ao fim do livro,  Riobaldo, ex-jagunço e chefe de bando, transformado no presente em pacato fazendeiro, conta a um suposto interlocutor suas aventuras da juventude, as pelejas de que participou, seus temores e dúvidas a respeito da existência de Deus e do diabo.
 Ao querer vingar a morte de Joca Ramiro, chefe dos jagunços, assassinado à traição por Hermógenes, ex-companheiro de bando, Riobaldo procura fazer um pacto com o demônio para tornar-se capaz de destruir o traidor. Torna-se líder do bando que busca vingança e, depois de muitas peripécias, em que o comportamento de Riobaldo parece revelar poderes estranhos, os dois grupos se encontram. Diadorim, seu melhor amigo e por quem ele sentia uma estranha atração afetiva que tanto o perturbava, luta com Hermógenes e vence-o, mas vem a morrer também no combate. Então ele descobre que Diadorim era mulher, filha de Joca Ramiro disfarçada em homem. Riobaldo, amargurado, atormentado pela dúvida da existência do demônio e da possibilidade de se fazer pacto com ele, abandona a vida de jagunço e vai viver como um pacato fazendeiro.
 As indagações religiosas e metafísicas de Riobaldo a respeito de Deus, do pecado, do sentido da vida estão presentes em toda a narrativa, que constitui uma verdadeira aventura no interior do ser humano em busca das respostas para o mistério de sua condição.


 Clarice Lispector

 O que é percebido em Clarice Lispector é uma inquietante tentativa em explorar as camadas mais profundas da consciência humana em busca do significado da existência. O seu aprofundamento na análise psicológica realiza-se através de uma linguagem aparentemente simples, mas que revela uma constante preocupação em tentar captar a verdade que se esconde atrás das simples aparências das palavras. Como Guimarães Rosa, Clarice Lispector "recriou" a linguagem, propôs uma visão temática e expressional, polêmica na época mas inovadora para a ficção do Brasil, ou seja, o gênero romance deixa seu modelo tradicional, em que estão o Brasil regional e o realismo cru, para ganhar nova dimensão e outra finalidade, como a de registrar a problematização estética da linguagem, discutindo assim, os próprios limites do gênero.
 Principais obras: Romances - Perto do coração selvagem; O lustre; A cidade sitiada; A hora da estrela; A paixão segundo G.H. Água viva; contos - Alguns contos; Laços de família; Imitação da rosa; além de crônicas, poesias e livros infantis.

 A paixão segundo G.H. - É um livro em que a narração é a base do romance. Ao invés de ação, o livro apresenta uma situação: uma mulher de classe média, seis meses depois da demissão da empregada, resolve ir ao seu quarto que ficara abandonado. Do armário sai então, uma barata, e a partir de tal situação vai se desenvolvendo na personagem um processo de autodescoberta, de desvendamento da mediocridade em que vive, que culmina com a identificação entre ela e a barata.
 Ao mesmo tempo em que lhe causa medo, a barata lhe desperta o sentimento de coragem; ao mesmo tempo que se enjoa, se indigna, a personagem sente em profundidade alegria: "como se enfim eu experimentasse, e em mim mesma, uma grandeza maior do que eu. E me embriagava pela primeira vez de um ódio tão límpido como de uma fonte,  que eu me embriagava com o desejo, justificado ou não, de matar."
 Matar ou não a barata, mas a insensibilidade de um cotidiano que a transforma em barata... toma então, a barata como hóstia, para superar a solidão e a várzea, para se reconciliar com a matéria do mundo, e assim assimilar, em êxtase, o nojo que tem de si mesma.
 Sentindo uma grandeza, uma alegria, um prazer misturado com o medo, a náusea, o nojo, mostram a base sensorial, intuitiva, feminina da ficção introspectiva de Clarice Lispector.

 João Cabral de Melo Neto

 João Cabral de Melo Neto foi um poeta que distinguiu pela elaboração de uma linguagem própria, seca, objetiva, e trilhou se caminho de uma forma bem pessoal.
 A preocupação com a construção da poesia, encarada como fruto do trabalho paciente e lúcido do poeta, ele abordou em suas poesias elementos concretos da realidade, sempre guiados pela lógica e pelo raciocínio. Seus poemas não abordam a análise e exposição do "eu" (poética "antilírica") e voltam para o universo dos objetos, fatos sociais e paisagens. Podemos observar também o rigor estético, rimas toantes e surrealismo em suas obras, João Cabral de Melo Neto inaugurou uma forma diferente de fazer poesia no Brasil.
 Principais obras: Pedra do sono; O engenheiro; O cão sem plumas; Morte e vida Severina; Uma faca só lâmina; A educação pela pedra; poesia crítica.

 Morte e vida Severina (auto de Natal Pernambucano)

 Sua linha narrativa segue dois movimentos que aparecem no título: "morte e vida". No primeiro, há a trajetória de Severino, personagem-protagonista, parte para Recife, em face da opressão econômico-social. Severino tem a força coletiva de uma personagem típica: representa o retirante nordestino. No segundo movimento, o da "vida", o autor não coloca a euforia da ressurreição da vida dos autos tradicionais, ao contrário, o otimismo que ocorre é de confiança no homem. Morte e vida Severina é uma reflexão e ao mesmo tempo um depoimento sobre certos problemas sociais do nordeste brasileiro.




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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Segunda fase do Modernismo 1930 - 1945 (prosa)

 Segunda geração modernista
 Romances caracterizados pela denúncia, na prosa houve grande interesse por temas nacionais, uma linguagem mais brasileira com um enfoque mais direto dos fatos marcados pelo Realismo-Naturalismo. Na prosa, atingiu-se elevado grau de tensão nas relações do "eu" com o mundo; é o encontro do escritor com seu povo. Havia uma busca do homem brasileiro nas várias regiões, por isso, o regionalismo ganhou importância, com destaque às relações da personagem com o meio natural e social (seca, migração, problemas do trabalhador rural, miséria, ignorância).
 Além do regionalismo, destacaram-se também outras temáticas como o romance urbano e psicológico, o romance poético-metafísico e a narrativa surrealista.
 Refletindo as preocupações sociais e políticas que agitavam o Brasil na época, desenvolveu-se um tipo de ficção que encaminhou para o documentário social e romance político. A publicação, em 1928, de A bagaceira, de José Américo de Almeida, costuma ser indicada como marco inicial dessa série de obras cuja intensão básica foi a denúncia dos problemas sociais econômicos do nordeste, dos dramas dos retirantes das secas e da exploração do homem num sistema social injusto.

 Principais autores e obras:

 Graciliano Ramos

 Considerado o maior representante da geração neo-realista nordestina, sua obra é considerada como "clássica" pela qualidade literária. Seus romances tratam tanto do social (miséria, fome, seca, latifúndio), como do psicológico (opressão, medo, angústia etc.). Linguagem condensada, sem retórica, obra neo-realista: romance crítico, de tensão entre a personagem e o meio (natureza e sociedade), romance de esquerda. Em março de 1936, sob suspeita de ter participado da ANL (Aliança Nacional Libertadora), Graciliano foi preso pela polícia de Getúlio Vargas. Levado para a prisão de Ilha Grande (RJ), ficou lá um ano sem acusação formal. A experiência na prisão foi relatada em "Memórias do Cárcere".
 Principais obras: São Bernardo, Vidas Secas, Memórias do Cárcere, Angústia.

 Vidas Secas: história de uma família de retirantes que vive em pleno agreste os sofrimentos da estiagem. Universo pobre de um homem (Fabiano), uma mulher (Sinhá Vitória), os filhos e uma cachorra (Baleia).
 Fabiano, Sinhá Vitória e os filhos são exemplos de seres convertidos em criaturas, animalizados, brutalizados por causa da precariedade de suas condições de vida, enquanto abandonam a terra onde nasceram, ressequida, estéril, procuravam na cidade uma forma de sobrevivência.
 Um trecho da obra que ilustra a perda de humanidade de Fabiano: "Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo(...)."
 Ao longo deste romance, é muito comum as vozes do narrador e das personagens se confundirem, através do discurso indireto livre, um dos mais importantes recursos narrativos de Graciliano Ramos, cuja retórica, e de muitos verbalismos, parece se alojar no interior das personagens, fundindo homem e paisagem, ação e processos mentais.
 Por essas razões, Graciliano Ramos significa a maturidade de nossa ficção regionalista, a expressão literária, a dimensão política, universal de nossos problemas aparentemente locais.

 José Lins do Rego

 As obras de José Lins do Rego compõem os chamados romances do ciclo da cana-de-açúcar. Neles o autor recompõe sua infância, tendo sido descendente de grandes proprietários canavieiros do nordeste. Escritos em primeira pessoa, estes romances retratam literalmente a crise de tradição e a necessidade de modernização, a transformação do Engenho em usina. Esse tema é especialmente abordado em Fogo Morto (não faz parte do ciclo), que é escrito em terceira pessoa. Nele, o autor mostra as relações psicológicas dos vários tipos sociais (o velho Senhor, a Sinhá, o trabalhador jagunço etc.) perante uma usina de "Fogo Morto", isto é, parada, morta, decadente.
 Principais obras: Fogo Morto, Usina, Menino do Engenho.

 Érico Veríssimo

 Érico Veríssimo nasceu no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre entrou em contato com a vida literária e iniciou-se no jornalismo, começou a publicar romances. Fantoches foi o primeiro (Contos que exibem estrutura de peças de teatro), mas Clarissa foi a primeira obra que o tornou popular.
 Os críticos literários classificaram suas obras em três fases:
 1º fase: Romance urbano - Visão otimista, linguagem simples, cotidiano da vida urbana de Porto Alegre, apresentação de problemas sociais, morais e humanos. Iniciou-se com a publicação de Clarissa, depois vieram: Caminhos Cruzados, Música ao longe, Um lugar ao sol, Olhai os lírios do campo, Saga, E o resto é silêncio.
 2° fase: Romance histórico - Inicia-se com a obra O Tempo e o Vento, aborda a formação do Rio Grande do Sul desde as sua origens.
 3° fase: Romance político - Temas políticos e engajamento social. Na obra "O Tempo e o Vento", Érico Veríssimo deu sua opinião sobre Getúlio Vargas pela boca de um personagem: "Tudo nele é mediano e medíocre. Jamais teve um pitoresco dum flores da Cunha, o brilho dum Osvaldo Aranha, a eloquencia de um João Neves (...). É um homem frio, reservado, cauteloso, impessoal (...) calmo numa terra de esquentados. Disciplinado numa terra de indisciplinados. Prudente numa terra de imprudentes. Sóbrio numa terra de esbanjadores. Um silencioso numa terra de papagaios".
 Livros: O senhor embaixador, O prisioneiro, Incidente em Antares.

 O continente - Essa obra, que marca o início da trilogia O tempo e o vento, constitui um grandioso painel do Rio Grande do Sul no período que vai dos fins do século XVIII até a Revolução de 1893.
 Girando sempre em função de um ponto central - a região de Santa Fé, a obra apresenta vários episódios que marcaram a origem do desenvolvimento do poder de duas famílias: Amaral e Terra Cambará.
 Capitão Rodrigo Cambará, andarilho guerreiro que, fixando-se em Santa Fé, apaixona-se por Bibiana Terra, com quem mais tarde se casa, originando a família Terra Cambará e formando o início da oposição aos Amarais.

 Rachel de Queiroz

 Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza, Ceará, ainda não tinha completado vinte anos quando publicou seu primeiro romance, O Quinze. Rachel foi a primeira mulher a ser eleita para a Academia Brasileira de Letras.
 O Quinze - O romance O Quinze projetou nacionalmente o nome de Rachel de queiroz. Retomando o tema da seca, que já fora tratado em outros romances, Rachel deu-lhe maior dimensão social, sem deixar de lado a análise psicológica de algumas personagens.
 A marcha penosa e trágica da família de Chico Bento, que representa o retirante, constitui o núcleo dramático da obra. A par disso, desenvolve-se o drama da impossibilidade de comunicação afetiva entre Vicente e Conceição; ele, um dono de fazenda sensível à miséria que o rodeia, mas impotente para eliminá-la; ela, uma moça da cidade atraída pela figura livre e franca de Vicente, mas que não consegue penetrar em seu mundo rude, quase selvagem.
 Principais obras: O Quinze, João Miguel, Caminho de pedras, As três Marias, Dôra Doralina, Memorial de Maria Moura.

 Jorge Amado

 Jorge Amado nasceu na Bahia, é o autor mais adaptado da televisão brasileira, quase sempre interessado em abordar problemas sociais e políticos, sua extensa obra trata tanto da região cacaueira da Bahia como da zona urbana de Salvador, era um hábil fixador de tipos humanos, costumes e festas populares.
 Principais obras: Jubiabá, Mar Morto, Capitães de areia, Terras do sem-fim, Gabriela, cravo e canela, Os velhos marinheiros, Dona flor e seus dois maridos, Tenda dos milagres, Tieta do Agreste.

 Terras do sem-fim - Este romance aborda a época da fixação e expansão das fazendas de cacau em São Jorge dos Ilhéus.
 Com a cobiça e o desejo de enriquecimento, surgem as lutas entre dois fazendeiros: o coronel Horácio da Silveira e Juca Badaró, da família dos Badarós, a mais rica da região. Ambas disputam as terras incultas de modo violento, principalmente Horácio, para quem as armas eram as únicas leis.
 Ao lado dessa linha principal do enredo, há o drama de Ester, esposa de Horácio, educada em outro meio e com outros sonhos, e que não se acostuma com a vida fechada e cercada de perigos que leva na fazenda, sempre sobressaltada pelos ruídos da mata e pelos crimes. Quando conhece Virgílio, um novo advogado que passa a frequentar sua casa, vê nele a figura de seus sonhos de adolescente, perdidos com o casamento com Horácio. Acaba por tornar-se sua amante.
 A estrutura do livro mantém um suspense na sequencia dos fatos que envolvem as lutas entre fazendeiros e capangas e o drama íntimo de Ester. No final, ela morre de tifo enquanto Virgílio, mais tarde, é assassinado por Horácio que ficara sabendo de tudo. Com a posse do Sequeiro Grande, Horácio torna-se o principal chefe de São Jorge do Ilhéus.


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