sábado, 23 de junho de 2012

Análise do romance Iracema

 Período literário: O Romantismo no século XIX - 1° geração romântica: Indianista. Romance idealizado pela figura do indígena, o bom selvagem, exaltando-lhe a nobreza e a valentia, o herói romântico, cavalheiro medieval, constante exaltação da natureza na obra.

 O título: A partir do título o autor José de Alencar demonstra um evidente trabalho de construção de uma linguagem e de um estilo que possam representar melhor "a singeleza primitiva da língua bárbara", os termos e frases que pareçam naturais na boca do selvagem. O nome Iracema é um anagrama da palavra América.

 Estruturação do enredo e breve resumo: A lenda e a história Iracema, subintitulado Lenda do Ceará, conta a triste história de amor entre a índia tabajara Iracema, a virgem dos lábios de mel, e Martim, o primeiro colonizador português do Ceará. Além disso como resumiu Machado de Assis, "o assunto do livro é também a história da fundação do Ceará e do ódio de duas nações inimigas - tabajaras e pitiguaras". Os pitiguaras habitavam o litoral cearense e eram amigos dos portugueses. Os tabajaras viviam no interior e eram aliados dos franceses. José de Alencar construiu uma alegoria perfeita do processo de colonização do Brasil e de toda a América pelos invasores portugueses e europeus em geral.
 Personagens e caracterização: Iracema - Índia da tribo dos tabajaras, filha do velho pajé.
 Martim - Guerreiro branco (Deus romano da guerra e da destruição - Marte)
 Moacir - filho de Iracema o de Martim (filho da dor e do sofrimento)
 Araquém - o pajé, pai de Iracema
 Caubi - irmão de Iracema
 Irapuã - inimigo dos portugueses e seus aliados, apaixonado por Iracema
 Poti - amigo de Martim, guerreiro pitiguara.


 O narrador e o foco narrativo : O romance é narrado na 3° pessoa, mas o narrador está longe de se manter neutro e mero observador, ele é onisciente (conhece tudo a respeito das personagens). Em alguns momentos, o narrador chega a revelar-se na 1° pessoa: "O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto não o sei eu". Exemplo da 3° pessoa no texto: "O estrangeiro seguiu a virgem através da floresta". Algumas vezes a narrativa se apresenta em forma de flash back como acontece no 1° e 3° capítulos.

 Tempo: O tempo é psicológico (O tempo que é vivido dentro da nossa consciência), não dá para precisar. Século XVII - fundação e colonização da cidade do Ceará.

 Espaço: No capítulo XXXIII consta que o fato se deu no Nordeste do Brasil. O subtítulo informa que é uma lenda do Ceará.

 Linguagem/estilo: José de Alencar privilegia a força emocional de suas personagens e uma intensa pesquisa de linguagem, O tom poético do livro é uma constante; comparações metafóricas valorizam uma natureza vibrante. José de Alencar pesquisou termos indígenas e nomes de locais geográficos, com a intenção didática de resgatar esses termos e explicá-los para o seu leitor contemporâneo.

 Iracema dá ao filho o nome indígena correspondente ao nome hebraico Benoni, que também significa "filho da minha dor". Este é o nome dado por Raquel, mulher do patriarca bíblico Jacó, ao sue último filho. Raquel morre depois de dar à luz e Jacó muda o nome do menino para Benjamim. Os filhos de Jacó deram origem às tribos que formaram a nação de Israel assim como o filho de Iracema representa o início de uma nação.
 José de Alencar recorreu a circunstâncias históricas, como a rixa entre os índios tabajaras e pitiguaras, e utilizou personagens reais, como Martim Soares Moreno e o índio Poti, que depois viria a adotar o nome cristão de Antônio Felipe Camarão. Mas cercou-se de uma fértil imaginação e de um lirismo próprios da poesia romântica. O romance Iracema é considerado um poema sem rimas.