Na Europa, a partir da metade do século XVIII, surgiram autores que apresentaram novas concepções literárias. Em suas obras, eles expressaram sentimentos inspirados nas tradições nacionais, falavam de amor, e saudade num tom pessoal. Era o surgimento do Romantismo que foi desenvolvendo-se, e enriquecendo-se à medida que se expandia. Desta forma, acabou adquirindo características diferentes.
No Brasil, era cada vez maior o desejo de uma literatura nacional. Assim apresentou-se a primeira tentativa consciente de se produzir literatura verdadeiramente brasileira, abandonando o tom lusitano em favor de um estilo mais parecido com a fala brasileira, principalmente porque a proclamação da Independência ocorreu e houve um desejo cada vez maior de desvincular a linguagem brasileira da lusitana.
Principais características do Romantismo:
A poesia romântica brasileira foi esquematizada em três modos:
Primeira geração - Indianista ou Nacionalista
Na Europa, os escritores valorizavam os tempos da Idade Média, valorizando os heróis que ajudaram a libertar suas nações. No Brasil "nossos heróis" eram os índios, símbolos da nossa liberdade, valentes e nobres, livres das corrupções sociais e dos vícios da civilização branca.
Segunda geração - Mal do século
Byroniana ou ultra-romântica
Temas amorosos levados ao extremo, poesias marcadas por um profundo pessimismo, tristeza e visão decadente da vida e da sociedade. Também aborda o amor platônico (fuga do real, sonho e fantasia), individualismo, a morte e seus mistérios.
Terceira geração
Condoreirismo
Poesia social e libertária (abolicionista), "geração hugoana", poeta francês Victor Hugo - defesa do ser humano oprimido (no Brasil, o escravo). Linguagem vibrante, metáforas, antíteses, hipérboles empregados em elementos da natureza, que sugerem imensidão e força. Condoreirismo originou-se do condor, ave de voo alto capaz de enxergar à distância. A poesia amorosa é mais sensual, aparece em um clima de erotismo e paixão.
Trechos do poema: O canto do guerreiro - Indianista (Gonçalves Dias)
Aqui na floresta
Dos ventos batida,
Façanhas de bravos
Não geram escravos, (ideal de liberdade)
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar.
-Ouvi-me, Guerreiros, (vocativo)
-Ouvi meu cantar.
Valente na guerra
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape
Com mais valentia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
-Guerreiros, ouvi-me;
-Quem há, como eu sou?
Quem guia nos ares
A frecha implumada,
Ferindo uma presa,
Com tanta certeza,
Na altura arrojada
Onde eu a mandar?
-Guerreiros, ouvi-me,
-Ouvi meu cantar.
.................................
Nestes trechos do poema, Gonçalves Dias usou versos com ritmos (existe musicalidade no poema), o uso de travessão no poema é para reforçar a emoção do poeta, os pontos de interrogação também. Guerreiros com letra maiúscula na primeira estrofe, é um símbolo, um significado especial aos índios.
Poema: Soneto - Geração Mal do Século (Álvares de Azevedo)
Pálida à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar! Na escuma fria,
Pela maré das águas embaladas!
Era um anjo entre as nuvens d'alvorada
Que em sonhos se embalava e se esquecia!
Era mais bela! O seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!
Este poema tem: subjetividade (egocentrismo), sentimentalismo, idealização da amada, amor platônico, mulher vista como um anjo, ela é inatingível, virgem.
A abertura e o encerramento da primeira estrofe deste soneto, se dá com dois vocábulos polissêmicos: Pálida e dormia. Essa polissemia (uma palavra com mais de um sentido), processa a ambiguidade poética do soneto, ao mesmo tempo em que a amada do poeta é virgem, pura, ele a descreve em certos trechos do poema uma erotização da sua musa. A idealização da mulher é particularizada, subjetiva. Amor e felicidade são ideais impossíveis.
Trechos do poema Navio Negreiro - Condoreirismo (Castro Alves)
'Stamos em pleno mar...Doudo no espaço
Brinca o luar - dourada borboleta;
E as vagas após ele correm...causam
Como turba de infantes inquieta
'Stamos em pleno mar...Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
-Constelações do líquido tesouro...
.........................................................
Era um sonho dantesco...o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros...estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastados,
Em ânsia e mágoa vãs!
...........................................................
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora a brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais!...Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!
Podemos observar nestes trechos do poema que Castro Alves denunciava a desumanidade cometida nos navios negreiros, era uma forma de "desabafo" à indignação do poeta contra as tiranias e opressões. é um tipo de poesia onde predominam as comparações, metáforas, antíteses, hipérboles e apóstrofes, empregadas em função de elementos da natureza que sugerem imensidão, força e majestade.
No Brasil, era cada vez maior o desejo de uma literatura nacional. Assim apresentou-se a primeira tentativa consciente de se produzir literatura verdadeiramente brasileira, abandonando o tom lusitano em favor de um estilo mais parecido com a fala brasileira, principalmente porque a proclamação da Independência ocorreu e houve um desejo cada vez maior de desvincular a linguagem brasileira da lusitana.
Principais características do Romantismo:
- Exaltação dos sentimentos pessoais;
- Exaltação do "eu" - subjetivismo;
- Expressão dos estados da alma, paixões e emoções;
- Desejo de liberdade, igualdade, valorização da natureza (poder de Deus, refúgio acolhedor para o homem que foge dos vícios e corrupções da vida em sociedade.
- Fuga da realidade através da arte.
A poesia romântica brasileira foi esquematizada em três modos:
Primeira geração - Indianista ou Nacionalista
Na Europa, os escritores valorizavam os tempos da Idade Média, valorizando os heróis que ajudaram a libertar suas nações. No Brasil "nossos heróis" eram os índios, símbolos da nossa liberdade, valentes e nobres, livres das corrupções sociais e dos vícios da civilização branca.
Segunda geração - Mal do século
Byroniana ou ultra-romântica
Temas amorosos levados ao extremo, poesias marcadas por um profundo pessimismo, tristeza e visão decadente da vida e da sociedade. Também aborda o amor platônico (fuga do real, sonho e fantasia), individualismo, a morte e seus mistérios.
Terceira geração
Condoreirismo
Poesia social e libertária (abolicionista), "geração hugoana", poeta francês Victor Hugo - defesa do ser humano oprimido (no Brasil, o escravo). Linguagem vibrante, metáforas, antíteses, hipérboles empregados em elementos da natureza, que sugerem imensidão e força. Condoreirismo originou-se do condor, ave de voo alto capaz de enxergar à distância. A poesia amorosa é mais sensual, aparece em um clima de erotismo e paixão.
Trechos do poema: O canto do guerreiro - Indianista (Gonçalves Dias)
Aqui na floresta
Dos ventos batida,
Façanhas de bravos
Não geram escravos, (ideal de liberdade)
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar.
-Ouvi-me, Guerreiros, (vocativo)
-Ouvi meu cantar.
Valente na guerra
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape
Com mais valentia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
-Guerreiros, ouvi-me;
-Quem há, como eu sou?
Quem guia nos ares
A frecha implumada,
Ferindo uma presa,
Com tanta certeza,
Na altura arrojada
Onde eu a mandar?
-Guerreiros, ouvi-me,
-Ouvi meu cantar.
.................................
Nestes trechos do poema, Gonçalves Dias usou versos com ritmos (existe musicalidade no poema), o uso de travessão no poema é para reforçar a emoção do poeta, os pontos de interrogação também. Guerreiros com letra maiúscula na primeira estrofe, é um símbolo, um significado especial aos índios.
Poema: Soneto - Geração Mal do Século (Álvares de Azevedo)
Pálida à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar! Na escuma fria,
Pela maré das águas embaladas!
Era um anjo entre as nuvens d'alvorada
Que em sonhos se embalava e se esquecia!
Era mais bela! O seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!
Este poema tem: subjetividade (egocentrismo), sentimentalismo, idealização da amada, amor platônico, mulher vista como um anjo, ela é inatingível, virgem.
A abertura e o encerramento da primeira estrofe deste soneto, se dá com dois vocábulos polissêmicos: Pálida e dormia. Essa polissemia (uma palavra com mais de um sentido), processa a ambiguidade poética do soneto, ao mesmo tempo em que a amada do poeta é virgem, pura, ele a descreve em certos trechos do poema uma erotização da sua musa. A idealização da mulher é particularizada, subjetiva. Amor e felicidade são ideais impossíveis.
Trechos do poema Navio Negreiro - Condoreirismo (Castro Alves)
'Stamos em pleno mar...Doudo no espaço
Brinca o luar - dourada borboleta;
E as vagas após ele correm...causam
Como turba de infantes inquieta
'Stamos em pleno mar...Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
-Constelações do líquido tesouro...
.........................................................
Era um sonho dantesco...o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros...estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastados,
Em ânsia e mágoa vãs!
...........................................................
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora a brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais!...Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!
Podemos observar nestes trechos do poema que Castro Alves denunciava a desumanidade cometida nos navios negreiros, era uma forma de "desabafo" à indignação do poeta contra as tiranias e opressões. é um tipo de poesia onde predominam as comparações, metáforas, antíteses, hipérboles e apóstrofes, empregadas em função de elementos da natureza que sugerem imensidão, força e majestade.
ótimo conteúdo, bastante explicativo,muito bom!
ResponderExcluirValeu Wallison, vou postar mais conteúdos sobre o Romantismo nas próximas postagens, fique ligado!
ResponderExcluirÉ UMA PENA QUE EM UM PAÍS COM TANTOS MILHÕES DE HABITANTES, POUCOS DEMONSTRAM INTERESSE POR ALGO TÃO FASCINANTE COMO É A LITERATURA,PARABÉNS PELO TEXTO,MUITO BOM.
ResponderExcluirConcordo com você Elissandro às vezes as pessoas estranham pois deixo de ver novela para fazer uma boa leitura.
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