quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Tropicália

 Tropicália

 Tropicália ou tropicalismo foi um movimento musical, que influenciou outras áreas culturais como: artes plásticas, poesia, cinema.
 Em 12 de setembro de 1968, acompanhado pelo grupo Os Mutantes, Caetano Veloso estava tentando apresentar a canção É proibido proibir. Tomates e vaias, discordância na plateia, os artistas no palco de costas para a plateia e a plateia de costas para os artistas. A música, inscrita no 3° Festival Internacional da Canção, fora inspirada  pelos grafites que cobriram os muros de Paris na rebelião estudantil de maio de 1968. Ironicamente, a canção prenunciava o início da época em que, no Brasil se tornaria permitido proibir.
 Três meses depois daquela apresentação de Caetano com Os Mutantes no Teatro da Universidade Católica, em São Paulo, o general Costa e Silva decretou o AI-5, o ato que permitiria à censura submeter a cultura nacional a uma espécie de lavagem cerebral. Embora atingisse a literatura, o cinema, o teatro e a imprensa, a censura foi especialmente dura com a música. Desde o sucesso mundial da bossa nova, início dos anos 60, a música se tornou a manifestação cultural mais vibrante no Brasil. Com o advento da Jovem Guarda, por volta de 1965, a música entraria na era da cultura de massa e logo se associaria à televisão.
 As redes de televisão promoviam festivais como o FIC (Festival Internacional da Canção), neles explodia o choque entre a música de protesto, origem nacionalista e música pop, americanizada e rotulada como alienada.
 O que levou o público a vaiar Caetano naquela noite foi o confronto entre a juventude "engajada" e de esquerda e a vanguarda artística que Caetano Veloso e Gilberto Gil representavam. Há uma grande semelhança entre este acontecimento com a primeira noite da Semana de Arte Moderna em 1922, que não foi mera coincidência, quando se sabe que, pouco antes, os dois baianos tinham criado o movimento Tropicalista, releitura pop e hippie da Antropofagia de Mário e Oswald de Andrade. Baseados em tudo o que acontecia de novo e de jovem em um país fervilhante:

  • Cinema novo
  • Experimentalismos do Teatro de Arena e Teatro de Opinião
  • Ecos da bossa nova
  • Jovem Guarda
  • Cultura televisiva
  • Telenovelas
  • Pintura de Hélio Oiticica
  • Poesia concretista

 É proibido proibir   Caetano Veloso

 A mãe da virgem diz que não
 E o anúncio da televisão
 E estava escrito no portão
 E  maestro ergueu o dedo
 E além da porta
 Há o porteiro, sim...

 E eu digo não
 E eu digo não ao não
 Eu digo: É!
 Proibido proibir
 É proibido proibir
 É proibido proibir
 É proibido proibir...

 Me dê um beijo meu amor
 Eles estão nos esperando
 Os automóveis ardem em chamas
 Derrubar as prateleiras
 As estantes, as estátuas
 As vidraças, louças
 Livros, sim...

 E eu digo sim
 E eu digo não ao não
 E eu digo: É!
 Proibido proibir
 É proibido proibir
 É proibido proibir
 É proibido proibir
 É proibido proibir

 Me dê um beijo meu amor
 Eles estão nos esperando
 Os automóveis ardem em chamas
 Derrubar as preteleiras
 As estátuas, as estantes
 As vidraças, louças
 Livros, sim...

 E eu digo sim
 E eu digo não ao não
 E eu digo: É!
 Proibido proibir
 É proibido proibir
 É proibido proibir
 É proibido proibir
 É proibido proibir...












 Tropicália    Caetano Veloso


Sobre a cabeça os aviões

Sob os meus pés, os caminhões
Aponta contra os chapadões, meu nariz


Eu organizo o movimento

Eu oriento o carnaval

Eu inauguro o monumento

No planalto central do país


Viva a bossa, sa, sa


Viva a palhoça, ça, ça, ça, ça


O monumento é de papel crepom e prata

Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde atrás da verde mata
O luar do sertão

O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga,
Estreita e torta
E no joelho uma criança sorridente, 
Feia e morta,
Estende a mão

Viva a mata, ta, ta

Viva a mulata, ta, ta, ta, ta

No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina

E faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam
A tarde inteira entre os girassóis

Viva Maria, ia, ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia

No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre muito pouco sangue
Mas seu coração
Balança a um samba de tamborim

Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores
Ele pões os olhos grandes sobre mim

Viva Iracema, ma, ma
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma

Domingo é o fino-da-bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça

Porém, o monumento
É bem moderno
Não disse nada do modelo
Do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem

Viva a banda, da, da
Carmen Miranda, da, da, da da, da da da

Caetano Veloso e Gilberto Gil

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