terça-feira, 26 de outubro de 2010

Pré-Modernismo

 Pré-Modernismo - Nas primeiras décadas do século XX, surgiram no Brasil alguns escritores que tiveram uma outra atitude perante a nossa realidade sócio-cultural.
 Expressando uma visão mais crítica dos problemas brasileiros, autores como Monteiro Lobato, Lima Barreto, Euclides da Cunha e Graça Aranha acabaram por antecipar uma das tendências que marcaram o Modernismo, que foi a criação de uma literatura que investigasse e questionasse mais profundamente o Brasil. Por isso, esses autores podem ser considerados pré-modernistas.
 Os autores do período do pré-modernismo expressaram em suas obras a consciência de alguns dos problemas que afetavam a realidade nacional, fazendo a denúncia de certos desequilíbrios sócio-culturais importantes tais como: a difícil situação do sertanejo nordestino, o contraste entre o nível de vida das diversas camadas da sociedade, a decadência e a pobreza de muitas regiões isoladas do interior etc.

 Monteiro Lobato

 Escritor de contos de tendência regionalista e de histórias para crianças, as melhores que se já fizeram no Brasil, empresário de seus livros e fundador de nossa primeira editora ( Editora Monteiro Lobato e Cia.), ele inovou a história da indústria editorial no Brasil, profissionalizou e sistematizou a produção de livros, tudo isso para difundir o gosto pela literatura num país semi-analfabeto.

 Lima Barreto

 O lugar de destaque que ocupa em nossa literatura se deve ao realismo com que representou a sociedade carioca, sobretudo, o povo sofrido dos subúrbios. Marginalizado pelas elites literárias, Lima Barreto expressou em sua própria linguagem essa marginalidade: em vez do excessivo rebuscamento e cuidado gramatical que dominava a literatura da época, seu estilo é simples e comunicativo, tendo sido considerado, por seus contemporâneos, um escritor desleixado. A semana de Arte Moderna de São Paulo passou sem que suas obras fossem citadas, nem os rebeldes paulistas reconheceram o talento do escritor rebelde e incompreendido.

 Euclides da Cunha

 Euclides da Cunha publicou em 1902, Os Sertões, baseado nas pesquisas e reportagens feitas para o jornal paulista, causando um grande impacto pela originalidade da obra, exuberância de seu estilo e pela corajosa crítica às ações do Exército.

 Enredo de Os Sertões

  A denúncia do crime cometido pela nação contra si própria na Guerra de Canudos é, assim, o grande tema de Os Sertões. Na primeira parte - A Terra - Euclides descreve geograficamente, do geral para o particular, a paisagem, as condições climáticas e pluviais, a estrutura física do Brasil. Centraliza-se no sertão, associando a dureza do seu habitante - Hércules - Quasímodo e aleijão (herói e aleijão) às dificuldades das condições de vida da região.
 Na segunda parte - O Homem - vai comparando, também do geral para o particular, os vários tipos brasileiros. Detem-se no sertanejo e passa à terceira parte - A Luta - onde narra num estilo tortuoso e grandiloquente, a história da resistência heróica de Antônio Conselheiro e de seus correligionários e de seu massacre "aleijão" pelo exército nacional.
 Em Os Sertões, o determinismo cientificista que caracteriza a obra é superado pela atualidade do assunto que trata a obra.

 Graça Aranha

 Graça Aranha era membro da Academia Brasileira de Letras e diplomata, ficou ao lado da nova geração de artistas, foi através do seu apoio ao movimento modernista, eles foram levados à sério pela sociedade, pois Graça Aranha não apreciava o conservadorismo da época.

 Augusto dos Anjos

 Augusto do Anjos é considerado um poeta sem classificação no contexto da literatura brasileira. Isto porque se utilizou em seus poemas vários estilos, usando palavras estranhas e inusitadas em poesias, chocando o leitor. É tipicamente um poeta de transição, utilizou-se de características parnasianas mas procurou um novo caminho para expressar-se.

                                                  Psicologia de um vencido

                                          Eu, filho do carbono e do amoníaco,
                                          Monstro de escuridão e rutilância,
                                          Sofro, desde a epigênesis da infância,
                                          A influência má dos signos do zodíaco.

                                          Profundissimamente hipocondríaco,
                                          Este ambiente me causa repugnância...
                                          Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
                                          Que se escapa da boca de um cardíaco.

                                          Já o verme - este operário das ruínas -
                                         Que o sangue podre das carnificinas
                                         Come, e à vida em geral declara guerra,

                                         Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
                                         E há-de deixar-me apenas os cabelos,
                                         Na frialdade inorgânica da terra!

  



        

                                        
          





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